Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, a plena equidade de gênero ainda está a 131 anos de distância
Por Claudia Elisa Soares
Embora sejam inegáveis os avanços em direção à equidade de gênero, com conquistas expressivas e um debate regular acerca do tema nos últimos anos, é evidente que ainda há um longo caminho a percorrer para que a real igualdade das mulheres em relação aos homens, especialmente em posições de liderança, seja alcançada.
Isso fica nítido nos dados apresentados no Relatório Global de Disparidade de Gênero do Fórum Econômico Mundial de 2023, que revelam que as mulheres continuam enfrentando severos obstáculos para serem contratadas em cargos de liderança.
O report destaca que, se mantivermos o atual ritmo de progresso, serão necessários 131 anos para alcançar a plena igualdade entre os gêneros no mercado de trabalho. A menor representatividade nos escalões superiores das empresas (atualmente as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança, segundo a Grant Thornton) contribui significativamente para a disparidade salarial entre homens e mulheres. E, no caso de mulheres negras, a situação é ainda mais grave.
De acordo com o estudo "Mulheres Negras na Liderança 2023", conduzido pela 99jobs.com em colaboração com o Pacto Global da ONU no Brasil Recente, 95% das mulheres negras relatam que ainda enfrentam preconceito por parte de outras pessoas quando se trata de assumir posições de liderança no mercado de trabalho. Além disso, 60% das entrevistadas afirmam não encontrar outras mulheres negras em cargos de liderança nas empresas em que trabalham. Outra constatação importante é que, em 2023, 60% afirmaram sentir-se isoladas em suas funções de liderança, em comparação com 54% no ano anterior.
Não existe uma única “bala de prata”
Por se tratar de uma questão social, cultural e histórica, não há uma solução única e imediata para esta disparidade nos cargos de liderança. Por isso, a situação exige abordagens abrangentes e a longo prazo. Isso inclui políticas de recrutamento inclusivas, programas de desenvolvimento de liderança para mulheres e uma cultura organizacional que valorize a diversidade, em toda sua extensão, de forma sólida.
Também é crucial enfrentar os preconceitos que influenciam as decisões de contratação, promoção e remuneração. A conscientização e educação sobre a diversidade são essenciais para superar estereótipos arraigados e criar um ambiente de trabalho mais inclusivo.
A verdade é que as oportunidades de progressão profissional para mulheres em cargos C-level, e até mesmo nos conselhos (apenas 25% das cadeiras dos boards no país são ocupadas por representantes femininas), nem sempre se materializam na prática. Isso pode ser atribuído a uma série de barreiras e desafios enfrentados por elas, que muitas vezes encontram obstáculos adicionais em suas trajetórias.
Para além deste mês específico, no qual comemoramos o Dia Internacional da Mulher, faço um convite aos líderes, formuladores de políticas e todos os membros da comunidade empresarial para uma reflexão contínua sobre seu papel na sociedade, tanto como pais, maridos, filhos e cidadãos. É fundamental considerar o impacto das nossas ações no futuro das meninas de hoje, que serão as mulheres de amanhã, e garantir que todas tenham acesso à dignidade e oportunidades que merecem.
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Autora: Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e na transformação de negócios, com foco no desenvolvimento e orientação de líderes, Claudia atua como conselheira em empresas, abrangendo tanto o setor aberto quanto o familiar. Sua experiência abrange contribuições significativas para organizações como IBGC, Camil, BP São Paulo, Grupo Cassol, Editora do Brasil e Gouvêa Ecosystem. Ao longo de mais de 30 anos de carreira, ocupou posições de conselheira ou de alta liderança em empresas de destaque, incluindo Arezzo&Co, Totvs, Tupy, Even, AmBev, GPA, Via, FNAC e EMS. Além disso, desempenha papéis como advisor, mentora e palestrante.
Fonte e foto: Mclair Comunicação
Imagem de senivpetro por Pixabay
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