Bem vindos!


Um encontro no céu, por Célio Pezza


Naquele dia, num canto do céu, o Profeta do Islã olhava entristecido para o nosso mundo, sem entender os motivos de tantas loucuras, muitas delas em seu nome e sofria ao ver suas palavras perdidas nos ventos quentes dos desertos de sua terra. Por que não ouviram seus ensinamentos? Eles eram simples, fáceis de seguir, e os homens poderiam viver em paz.

Repentinamente, percebeu alguém ao seu lado; virou-se e viu seu irmão de fé, com a mesma expressão de dor, usando um manto branco manchado de sangue.

─ Assalamu Aleikum!(¹) - Eles não entenderam a minha mensagem, diz o Profeta.

─ Shalom Aleichém!(²) - Também a mim não entenderam, respondeu o Nazareno! Veja todo o mal que já causaram em meu nome! Desde as cruzadas até os dias de hoje, quantos já morreram pelo uso errado das minhas palavras. Os homens perderam a capacidade de ouvir e de entender. Nós fomos claros, demos exemplos e eles não nos ouviram. Infelizmente eles se perderam ao longo do caminho, Profeta.

Naquele instante olharam para baixo e viram a Faixa de Gaza, a Síria, a Ucrânia e muitas outras partes da Terra em chamas e repleta de mortos e mutilados. De um lado, os seguidores do Torá invadem a Palestina enquanto aguardam o Messias para uma Era de Paz. Do outro, os seguidores do Alcorão bombardeiam Israel enquanto alguns clamam por uma Jihad(³). Os dois lados perdem a conta dos seus mortos e feridos, e se esquecem de que nunca vai existir uma guerra santa, pois uma guerra não pode ser santa.

Lá embaixo, as luzes assassinas dos mísseis mostram toda loucura humana e são embaladas pelo som de todos os tipos de armas criadas por mentes doentias, como uma sinfonia triunfal da morte contra a espécie humana.

─ E o que sugere Nazareno? Tentaremos mais uma vez, quem sabe de outra forma?

─ Você sabe a resposta, Profeta. Você sabe que existem muitos deles que ainda têm esperança, que acreditam em nós e num mundo melhor. Não podemos decepcioná-los.

─ Eu sei, Nazareno! Por estes, faremos tudo de novo quantas vezes forem necessárias. Um dia eles encontrarão uma forma de viver em paz. 

─ Assim seja, Profeta!

Neste momento, um avião civil da Malásia é abatido nos céus da Ucrânia e cai como uma imensa bola de fogo com seus 298 passageiros. Na terra, muitos viram aquele brilho incomum sem saber ao certo o que era.

─ Allah, o Misericordioso! Bendito seja! O nascente e o poente Te pertencem e notamos a Tua presença! 

─ Falaram alguns fiéis que olhavam para o céu naquela hora.

─ O Messias verdadeiro está chegando, profetizaram outros!

(1) - Assalamu Aleikum! Que a paz esteja contigo! (saudação árabe)
(2) - Shalom Aleichém! A paz esteja convosco! (saudação hebraica)
(3) – Jihad – conceito islâmico que pode ser entendido como uma luta interna para se buscar e conquistar a paz em Deus. Ao contrário do que muitos pensam, não significa “guerra santa”, nome dado pelos europeus às lutas religiosas na Idade Média.

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Autor: Célio Pezza é colunista, escritor e autor de diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu mais recente A Nova Terra - Recomeço. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza. O escritor Célio Pezza, 63 anos, iniciou a carreira de escritor em 1999, movido pela vontade de levar as pessoas a repensarem o modelo de vida atual dos seres humanos. Seus livros misturam realidade e suspense, e Celio já tem 6 livros publicados, inclusive no exterior, e é colunista colaborador de dezenas de jornais e revistas por todo o país. Saiba mais em: www.facebook.com/celio.pezza
Fonte e Imagens: Ralcoh Comunicação - www.ralcoh.com.br
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