Não é fácil para o empreendedor estabelecer o valor da empresa totalmente isento de sentimentos pessoais. Porém, definir o valor baseado no apego sentimental, visão e expectativas pessoais é um erro muito comum. Durante a negociação, o ponto de vista do comprador e do vendedor são bem diferentes, portanto é importante ter o valor estabelecido tecnicamente na hora da negociação.
O valor da empresa de forma bem simplificada é a situação patrimonial mais a expectativa de lucros dos próximos anos. A situação patrimonial é o valor dos bens patrimoniais adicionado ao que tem a receber, subtraído de tudo que tem a pagar - fornecedores, bancos, tributos, funcionários, passivos trabalhistas e passivos ocultos.
O primeiro passo é levantar tudo o que tem valor. Podemos separar em dois grupos: bens corpóreos ou tangíveis e bens incorpóreos ou intangíveis. Bens corpóreos são: investimentos, terrenos, edificações, máquinas, veículos, etc. Bens incorpóreos: marcas, patentes, fundo de comércio, etc.
O segundo passo é atribuir um valor a todos os bens. Os bens tangíveis são os bens registrados contabilmente na empresa como ativo imobilizado. Se a empresa possuir um controle individualizado e tiver os valores atualizados periodicamente conforme determina a lei será uma tarefa bem fácil e rápida.
Caso não tenha controles individualizados será necessário inventariar os bens e avaliar os bens a valor justo. Dependendo do ramo de atividade nem vale a pena fazer o levantamento e avaliação dos bens corpóreos. Por exemplo, empresa de tecnologia onde o valor do imobilizado é insignificante em relação ao valor do intangível.
Para a venda isolada de um imóvel ou máquina basta avaliar a preço de mercado. No entanto, para a venda da empresa, além do valor de mercado, é necessário avaliar a capacidade dos seus ativos (máquinas) gerar a riqueza nos próximos anos. Se a empresa fez as adequações conforme a legislação em vigor, este valor já deve estar contabilizado na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial.
A metodologia mais empregada para determinar os lucros futuros é o de fluxo de caixa descontado. Apesar de largamente utilizado o valor obtido depende da aplicação de fatores subjetivos. Por exemplo: taxa de crescimento e de desconto, longevidade do negócio, valor residual da empresa, taxa de reposição dos ativos, etc. Ou seja, os investimentos necessários para manter o processo produtivo nos níveis atuais ou nos níveis projetados.
O valor da marca tecnicamente também é o potencial de geração lucros nos próximos anos do nome da empresa ou produto. Deve avaliar valor da marca quando a geração da receita não depende do processo fabril, por exemplo, uma indústria alimentícia. Muitas compras e vendas de empresas são realizadas devido à atratividade da marca.
Existem outras metodologias que avaliam a empresa como todo: avaliação relativa ou comparativa, método de múltiplos de mercado. O método da avaliação relativa é o mais simples. É o método mesmo que usamos para comprar imóveis. Pesquisamos o preço das casas semelhantes vendidos na vizinhança para termos como referência de valor praticado no mercado.
O método dos múltiplos de mercado é mais utilizado para o investidor avaliar a empresa para compra de participação acionária. Tem como premissa que empresas semelhantes têm preços semelhantes. Assim, necessita apenas de dados de uma empresa que atue no mesmo segmento de mercado.
Tem também a vantagem da simplicidade, porém só considera a situação temporal da companhia. Desconsidera algumas variáveis muito importantes como perspectivas futuras do negócio, lucro, tecnologia, saúde financeira. Para calcular o valor de mercado da empresa é utilizado: total de ações multiplicado pela cotação da ação na bolsa de valores.
O importante é estar preparado para enfrentar a situação, não ser surpreendido. Sem a visão correta baseado em dados confiáveis a tendência é estabelece valor sentimental e tomar a decisão emocional. A recomendação é avaliar o valor da empresa baseado em critérios técnicos para ter segurança e parâmetro confiável na hora da negociação.
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Autor: Orlando Oda é administrador de empresas, mestrado em administração financeira pela FGV e presidente do Grupo AfixCode. Sobre o Grupo AfixCode: www.afixcode.com.br
Fonte: InformaMídia Comunicação - www.informamidia.com.br
Compra ou venda de empresas: as metodologias de avaliação
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