Ano Novo, carreira nova? Buscar uma nova atividade nem sempre significa uma mudança definitiva na carreira. Você pode conduzi-la para o resto da vida, sem necessariamente mudar sua carreira principal. Hoje muitos profissionais organizam seu tempo e renda com vários projetos simultâneos
A diversificação de carreira pode acontecer por escolha profissional ou por necessidade. Um dos momentos certos para iniciar uma nova atividade é quando você percebe que sua escolha profissional não explora alguns talentos naturais, seus interesses genuínos, ou coisas que você tem muito prazer em fazer. Você pode explorar essa nova atividade como hobby ou como uma carreira paralela. Outras pessoas diversificam atividades por necessidade, para complementar a renda. Rosangela Souza, especialista em gestão empresarial e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e do Profcerto, comenta sobre essa questão da diversificação, "Minha orientação é que, mesmo sendo por necessidade, a pessoa que está em busca de algo novo opte por uma atividade que dê prazer e que esteja relacionada aos seus talentos naturais. Especialmente se ela não os explora na carreira principal".
Rosangela cita sua própria experiência profissional como exemplo de atividades diferentes, que podem juntas complementar sua carreira e satisfação pessoal, "Eu sempre gostei de escrever. Fiz faculdade de Tradução/Interpretação, me tornei professora de inglês. Depois, empresária no segmento de idiomas. Hoje tenho uma empresa com mais de 100 professores e não posso nem pensar em dar aulas. Mas adoro. Então, busquei uma carreira paralela, que não me toma muito tempo, como professora de pós-graduação em administração. Isso faz com que eu agregue minha experiência como empresária ao prazer de ensinar, além de me manter disciplinada para o estudo, o que também ajuda muito na vida empreendedora. Você pode ser executivo e ter uma banda com um amigo, pode ser empresária e escrever poesia, como minha sócia, Lígia Crispino. Enfim, pode e deve praticar o que tem prazer em fazer, e faz bem".
Algumas fases da vida também são propícias e favoráveis para um planejamento de novas atividades:
- No início da carreira: se o profissional recém-formado não tem certeza se sua área de graduação vai absorvê-lo, pode-se tentar uma carreira em duas frentes. Profissionais de todas as áreas estão envolvidos em estágios, programas de trainee e projetos autônomos. Essa geralmente é uma fase em que o profissional tem mais tempo de testar profissões.
- Alguns anos antes da aposentadoria: nessa fase, já temos o ninho vazio (filhos adultos ou já casados) e por mais que ainda estudemos, se já há uma estabilidade na carreira principal, pode haver tempo para experimentar outras. Este é um bom momento para reavaliar os talentos naturais e o que dá prazer e, aos poucos, transformar em carreira. Ao optar pela aposentadoria, o profissional pode ainda se manter ativo e remunerado com uma segunda carreira, iniciada anos antes.
Para Rosangela, "O melhor momento é aquele em que estamos motivados para a realização".
Mas como saber se não é hora de fazer uma transição de carreira?
Se o profissional percebe que a empresa ou a profissão escolhida nunca atenderá as expectativas pessoais, talvez seja a hora de fazer uma transição. Ou será de ruptura, procurando e encontrando uma nova colocação, ou será gradual: com duas carreiras paralelas, até a escolha final.
A empresária dá algumas dicas para quem está planejando uma transição de carreira gradual:
a) Busca do autoconhecimento, mapeamento dos talentos e atividades que dão prazer.
b) Verificação do mercado. Ver se é possível explorar o que foi percebido, em uma carreira paralela, sem prejudicar a atual. Se não for possível, se representar muito sacrifício, melhor adiar o plano em alguns anos.
c) Exploração do networking e fazer prospecção de oportunidades.
d) Organização do tempo, para que a carreira principal não seja comprometida, uma vez que a paralela ainda está começando.
e) Condução das duas carreiras
f) Observação sobre possibilidades de transição (é possível ter remuneração compatível com a primeira carreira? Estou mesmo exercendo meus talentos? Estou gostando da minha segunda carreira?)
g) Decisão pela transição que pode ser de ruptura ou gradual, dependendo da profissão. Por exemplo, um dentista que quer ser professor de faculdade, pode, aos poucos, fechando agenda para um trabalho e abrindo para o outro, até se consolidar na segunda.
Rosangela comenta que algumas palavras-chaves devem nortear a decisão pela diversificação ou transição de carreira: autoconhecimento sobre seus talentos e o que faz você feliz, planejamento para fazer transições graduais, e flexibilidade para entender que mudar carreira é quase sempre mudar tudo na vida.
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Autora: Rosangela Souza é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e do ProfCerto. Formada em Letras e Tradução/Interpretação pela Unibero, é especialista em Gestão Empresarial com MBA pela FGV e Professora de Estratégia na Pós-Graduação da FGV/Santo André. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para MPMEs. Atualmente é aluna de Pós--MBA da FIA/USP.
Fonte: EccoPress - www.eccopress.com.br
Diversificação de carreira: Qual o momento certo de procurar novas atividades?
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