Viagens, informações e e-mails a todo instante, tecnologias e mercados que mudam rapidamente, entre outros fatores, deixam muita gente atordoada com seu dia a dia.
Essa situação me lembrou, entre tantas coisas, da arte - e ciência - das batalhas aéreas. Convenhamos: na lista de coisas estressantes do mundo, ter um avião de guerra apontando mísseis para você deve estar entre as primeiras da fila. O que me leva ao trabalho de um dos maiores estrategistas da história.
O nome John Boyd não costuma levantar sobrancelhas como Sun Tzu, Maquiavel ou Alexandre o Grande, mas as contribuições desse coronel norte-americano à ciência da Estratégia são difíceis de subestimar.
Começando seus estudos com o desempenho de pilotos americanos na Guerra do Vietnã, Boyd observou que o que diferenciava os melhores dos piores pilotos era a capacidade de analisar uma situação, tomar decisões e executar suas ações mais rápido que seus oponentes. O modo de se portar dos pilotos influenciava a capacidade de alguém morrer ou voltar para casa após um combate.
Tudo isso foi resumido em uma simples palavra: OODA.
OODA significa Observar, Orientar, Decidir e Agir. Segundo nosso querido coronel, a habilidade de passar por esse ciclo diferencia o tamanho do fracasso. Um piloto deveria então OBSERVAR a situação em que se encontrava. ORIENTAR-SE - filtrar as informações relevantes para o momento, DECIDIR - optar por um curso de ação e AGIR - executar o curso planejado. Pilotos capazes de fazer tudo isso rapidamente poderiam vencer entrando no ciclo de seus inimigos, por exemplo, agindo mais rapidamente e reorientando suas ações, enquanto seus inimigos, ainda presos a uma ação passada, tentavam entender o que havia acontecido.
Como o objetivo aqui não é dar uma aula de voo, basta dizer que essa ideia simples revolucionou a área de estratégia. O sucesso da primeira Guerra do Golfo (aquela em que o Iraque desocupou o Kwait e perdeu rapidamente) é atribuído em grande parte ao pensamento de Boyd.
Se você nunca ouviu falar nele, não se preocupe, muita gente fora da área militar também não. No entanto, se você fez qualquer curso de Administração, deve ter topado com ciclos como o "Planejar, organizar, dirigir e controlar" e outras variantes inspiradas pelo OODA.
Voltando aos profissionais estressados, cansados, perdidos na rotina, espancados pela concorrência e sem saber o que fazer. Passo número um: pare. Tire um dia, uma hora, um momento, mas pare.
Parou? Ótimo. Agora observe a situação em que você se encontra. Você pode avaliar sua vida pessoal, profissional, sua empresa e até o conjunto da obra, mas apenas observe. Retire-se da situação e observe suas ações, as de outras pessoas e participantes do mercado e tente entender o que está acontecendo.
Agora, oriente-se. Quais informações você precisa ter para decidir? O que está te atrapalhando? Com o que vale e com o que não vale a pena se preocupar? Imagine que, de tudo que está observando, você vai escolher quais informações são realmente úteis para a situação (essa parte possui um fator consciente e outro inconsciente, mas isso é outra história).
Agora, decida o que fazer. Simples assim. Após observar e orientar, você tem que decidir. Pare de enrolar. Se houvesse realmente um avião armado vindo em sua direção você não iria ficar sentado pensando. Você precisa tomar uma decisão antes que o inimigo lhe dê uma passagem só de ida para o céu.
Por último, a ação. Faça alguma coisa. Se não souber o que fazer, faça qualquer coisa, por menor que seja. O importante é partir para a ação o mais rápido possível. Sair da zona de conforto, deixar de ser um patinho sentado no meio do radar do inimigo e começar a mudar sua situação.
Agora, volte ao início: observe o resultado de suas ações no mundo e comece outra vez.
Viu como batalhas aéreas podem ser divertidas?
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Autor: Fábio Zugman é paulistano e tem 32 anos. É professor universitário, doutorando em Administração pela FEA-USP e Mestre em Administração pela UFPR. É autor dos livros Empreendedores esquecidos (Elsevier, 2011); Administração para profissionais liberais (Elsevier, 2005); Governo eletrônico: saiba tudo sobre essa revolução (Livro pronto, 2006); O mito da criatividade (Elsevier, 2008); e coautor de Dicionário de termos de estratégia empresarial (Atlas, 2009); Criatividade sem segredos (Atlas, 2010).
Fonte: Iara Filardi - www.iarafilardi.com
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