O perfil do desenvolvimento econômico e social do Brasil tem se modificado nos últimos anos. O entendimento das relações entre crescimento industrial e desenvolvimento econômico e social vem se alterando de forma significativa nas últimas décadas.
Os imperativos ambientais e de combate à desigualdade social estão modificando essa percepção. Importantes eventos ocorridos nos últimos anos – como o esgotamento da fronteira agrícola em diversas regiões do mundo, a concentração crescente da população mundial no meio urbano, as preocupações de natureza ambiental, a busca por fontes alternativas de energia e, sobretudo, o aumento da capacidade competitiva do Brasil neste setor – colocaram as atividades do agronegócio em posição estratégica na definição dos rumos da economia brasileira e nos sucessivos superávits na balança comercial de seu comércio internacional.
De acordo com levantamento realizado pela Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), o cenário sobre a produção de alimentos projeta a necessidade de crescimento em 20% até 2020 para atender à crescente demanda mundial. Nesse contexto, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) prevê que a União Europeia contribua com um aumento de 4% em sua produtividade, a Austrália com 7%, os EUA e Canadá com 15%, a Rússia e China com 26% e o Brasil com 40%.
Considerando os principais países produtores de alimentos e matérias-primas agrícolas, o Brasil foi aquele em que foram observados os maiores ganhos de produtividade no setor agropecuário entre 1960 e 2011. Nesse período, a produtividade elevou-se a uma taxa de mais de 2% ao ano, marca superior à verificada em países como a China (1,8%), a Índia e a Argentina (1,5%), os Estados Unidos e o Canadá (0,8%). Em anos recentes, especialmente a partir da década de 1990, esses ganhos de produtividade se expressaram na busca deliberada de inserção exportadora no aumento da importância das atividades de processamento de alimentos e no esforço de inovação, tecnologia e gestão.
Os ganhos de produtividade em todas as cadeias de produção do agronegócio brasileiro continuarão a sustentar a conquista de novas fatias de mercado, tanto de produtos processados quanto de matérias-primas de origem agrícola. Assim, a sustentação da competitividade no setor repousa, primordialmente, na capacidade de responder aos desafios do mercado internacional.
O crescimento da produção e do consumo de produtos de base agrícola nas próximas décadas será condicionado por uma dinâmica relacionada à elevação da eficiência nas atividades de produção e à manutenção do dinamismo nas atividades de processamento dos produtos agropecuários. Para que o agronegócio brasileiro seja capaz de se posicionar nesse processo, de forma sustentável, é indispensável que esteja engajado na busca contínua de competitividade. Todavia, cabe ao governo fazer a sua parte, reestruturando a Política Agrícola Nacional de maneira a reduzir a volatilidade da renda dos produtores rurais e a permitir uma mobilidade positiva e progressiva dos mesmos, em especial das classes C e D/E para classes superiores.
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Autor: Neri Dos Santos é doutor em engenharia e consultor técnico da Knowtec
Fonte: Fábrica de Comunicação - www.fabricacom.com.br
Desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro
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