Relacionar-se é permitir aprendizados. E aprendizados requerem mudanças. Quando temos alguém para nos ajudar neste processo, temos de nos sentir agraciados. Então, que venham os feedbacks.
Que o feedback é um instrumento importantíssimo e imprescindível no processo de desenvolvimento profissional, não há discussões. Todos que já passaram por treinamentos de liderança, certamente tiveram instruções de como aplicar esta ferramenta para auxiliar seus liderados/pares a se tornarem profissionais melhores.
Técnicas de comunicação, etapas, controle de emoções, ambiente, positivo e negativo, tudo é bem discutido para que o ‘tiro’ não saia pela culatra. Inclusive, comento estes pontos no texto “Hora da Bronca” .
Refletindo sobre o assunto enquanto construía um novo projeto de Desenvolvimento Profissional, pensei que mesmo utilizando todas as técnicas conhecidas para um feedback eficiente, seria ainda mais tranquilo utilizar esta ferramenta se as pessoas estivessem preparadas para RECEBER uma crítica. Especialmente, as negativas.
É isso, meu povo. Tem muito feedback que não consegue fazer a ‘curva do rio’ porque quem está ouvindo a crítica não tem o menor interesse em saber o que o outro tem a dizer sobre ele. Pessoas, absolutamente, irredutíveis em suas crendices e comportamentos. Pessoas, absolutamente, inaptas ao desenvolvimento. Pessoas, mesmo sem saber, adeptas à estagnação da ignorância.
1 – Quem avisa, amigo é
Imagine que, de uma hora para outra, começou a ter mau hálito e não percebeu. Prefere que um amigo lhe avise ou prefere que as pessoas fiquem comentando pelas costas toda vez que esbarrar em alguém? Prefere que um amigo lhe dê um toque sobre o assunto, ou prefere perder um flerte porque na hora H o outro percebeu o odor desagradável vindo de você? Ter bom hálito, além de saudável em primeiro lugar, é um fator social importante e descumprir esta ‘regra’ é, no mínimo, danoso para todos os envolvidos.
Na empresa, não é diferente. A empresa tem regras. Todas tem. Se você não conhece as da empresa em que trabalha, corra para obter estas informações, pois são elas que delimitarão se está tendo uma conduta adequada ou não. São estas regras corporativas que definirão se está ou não infringindo acordos estabelecidos entre empregado e empregador.
Assim sendo, se alguém (chefe ou colega de trabalho) aparecer para lhe indicar um comportamento errôneo, incoerente com as regras, no mínimo, agradeça. Significa que você, sozinho, não tinha percebido, então, a comunicação, também chamada de feedback, veio em boa hora.
2 – Qual o problema em errar?
Errar não é sinônimo de fracasso. Errar faz parte do desenvolvimento humano. E o segundo passo é ainda melhor: assumir erros é grandioso e motivador de mudanças positivas. Assim sendo, quando receber uma crítica negativa, antes de atirar pedras, pense que se o erro existiu, não cometeu nenhum pecado capital. Como todo mundo, está em processo de melhoramento. E se está recebendo o feedback, é porque ainda apostam em sua melhora. Caso contrário, não estaria recebendo um feedback, já teria sido demitido. Valorize isto.
3 – Sim, você pode contestar
Se tiver dúvidas sobre o que falam de você, questione. Com tranquilidade, peça argumentos. Entenda que os argumentos, tantos seus quanto de seu chefe/par, sempre terão de ter embasamento na estratégia de trabalho da empresa e nos acordos que pré-estabaleceram no início de suas atividades. Se quem lhe fala tiver uma retórica incoerente com estes fatores, convide-o a investigar as regras da empresa e, juntos, decidirem quais são os comportamentos adequados. Por isso, estar por dentro da MISSÃO, VISÃO E VALORES da corporação é imprescindível. Se este não for o caso, discutir apenas porque foi contrariado não é a melhor saída. Falar do que você não sabe é uma atitude leviana e improdutiva. Mesmo que não concorde, ouça, agradeça e, depois pesquise mais sobre o assunto. Apoderado de informações, poderá discutir com seu líder/par o assunto novamente.
4 – Feedback é um presente
Pense no feedback como um presente. Recebê-lo é uma honra, acredite, pois ele ainda é raridade. Em muitos projetos que participei, um dos principais complicadores era a falta do feedback. Encontrei muitos profissionais totalmente desamparados de informações a respeito de seus comportamentos e que, por isso, estavam agindo em desacordo com as regras da empresa e prestes a perderem o emprego. Alguém lhe ofertou um feedback? Agarre-o.
5 – Impressões que causa no outro
Entenda isso: você é responsável pela impressão que causa no outro.
É comum eu ouvir de profissionais que receberam feedbacks negativos e que não concordaram porque, apesar da atitude inadequada, não foi aquilo que quiseram dizer ou que queriam expressar. Os outros te enxergam o que você mostra na real e não suas intenções. Então, não fique alterado caso alguém diga que você é arrogante. Talvez você não queria ter sido, mas suas atitudes, no universo que quem lhe falou, a arrogância predominou.
6 – Controle as emoções
Esmurrar a parede, dar socos na mesa, chorar descontroladamente, xingar. São todos comportamentos pertinentes a quem tem nega o próprio desenvolvimento. Pense comigo, ter atitudes como estas vai apagar a situação? Caso tenha mesmo tido uma atitude errônea, vai conseguir voltar atrás? Não. Então, racionalize e pense dali para frente. Segure firme e forte a oportunidade de mudança que ainda estão de dando e bola para frente. Um bom plano de ação, estruturado e acompanhado, é a solução.
Pois é, minha gente. Dar feedback precisa de técnica, responsabilidade e atenção, mas saber receber é um dos pontos altos de um profissional de alta performance. Tem muita gente perdendo oportunidades na empresa por não aceitarem opiniões a seu respeito, por não aceitarem possíveis mudanças de comportamento.
Se você quer ser dono de verdades absolutas, monte sua própria empresa, contrate você mesmo, compre de você e venda para você.
Relacionar-se é permitir aprendizados. E aprendizados requerem mudanças. Quando temos alguém para nos ajudar neste processo, temos de nos sentir agraciados. Então, que venham os feedbacks.
Abraços e até mais, caro leitor.
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Autora: Kelly Cavalcanti Gallinari
Fonte: Revista Eletrônica Incorporativa - http://www.incorporativa.com.br/mostraartigo.php?id=404
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